O ACTO POLÍTICO
O acto político, o que é? Como se define?
O acto político é, antes de mais, tudo aquilo que directa ou indirectamente, activa ou passivamente pode interferir com a nossa vida, bem como com a vida colectiva ou individual dos cidadãos.
Votar é um acto político. Mas abster-se de votar é também um acto político. a diferença está em que, no primeiro caso exercemos um direito e simultaneamente cumprimos um dever de cidadania. Na segunda hipótese renunciamos ao direito democrático de votar e neglicenciamos um dever, que nos retira moralmente o direito futuro de crítica.
Mas o acto político não se fica por aqui. Quando afirmamos que não temos partido político, só estamos a declarar a nossa condição de apartidários, o que é completamente diferente de ser apolítico. Esta afirmação de não partidarismo, é um acto político.
Quando compramos diariamente o jornal, qualquer que ele seja, estamos a ter um acto político.
Quando comentamos, seja em casa, no trabalho, no café ou simplesmente em conversa de rua, este ou aquele acontecimento, esta ou aquela realização cultural, este ou aquele trabalho que foi realizado pela nossa autarquia, estamos a ter actos políticos.
Quando escrevo estas crónicas semanais, estou a praticar um acto político.
Quando o nosso vizinho opta adquirir determinada marca de automóvel em detrimento de outra, está a ter um acto político.
Quando as nossas televisões, em vez de programação cuidada e de qualidade, optam por nos fazer entrar pela casa dentro filmes de baixa qualidade, publicidade em quantidades astronómicas ou "reality shows" de interesse duvidoso, estão manifestamente a ter actos políticos.
Quando os nossos gestores, sejam públicos ou privados, fazem as suas opções estratégicas de gestão, estão a praticar actos políticos.
Quando os nossos juizes, na sua actividade de julgamento imparcial, proferem as respectivas sentenças, estão a ter actos políticos.
Quando um jovem, em vez de escolher a via de um crescimento saudável e equilibrado, opta pela via da experimentação perigosa de estupefacientes, ou por uma vida recheada de perigos e caminhos fora da lei, começa logo aí, a ter um acto político.
Quando os dirigentes desportivos, em vez de opções de gestão nos clubes virada para a prática desportiva, fazem opções com base exclusivamente nos resultados desportivos imediatos, estão a ter actos políticos.
Quando todos nós, vamos às grandes superfícies fazer compras, em detrimento do comércio tradicional, estamos a ter um acto político.
Quando se descrimina, por via da raça, cor, religião ou outra, quem quer que seja, está-se a ter um acto político.
Quando decidimos assumir um compromisso como casar ou conceber um filho, estamos a ter um acto político.
Quando afirmamos o nosso tradicional pessimismo ou pelo contrário lutamos para inverter este clima de depressão que nos assola continuamente, estamos a ter um acto político.
Enfim isto tudo para vos dizer que quando decidiram ler esta crónica, tiveram também um acto político.
Fiquem bem e continuem a praticar os vossos actos políticos, porque viver, é já por si, um acto político.
Esta crónica foi publicada no jornal "Povo da Beira" de Castelo Branco
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