segunda-feira, outubro 24, 2005

A MONTANHA PARIU UM RATO...

Terminou mais um tabu de Cavaco Silva! Após um enorme período de tempo, onde imperou um silêncio ensurdecedor, Cavaco Silva resolveu finalmente, apresentar a sua candidatura à Presidência da República.
Fê-lo depois de uma preparação supostamente cuidada e criteriosamente preparada. Contudo a impressão que fica é que depois de tanto silêncio esperar-se-ia algo mais, com um impacto, que a meu ver, ele e a sua tão esperada comunicação não conseguiu ter.
Efectivamente, Cavaco Silva, apresentou-se impecável no seu aspecto fisíco, mas foi demasiado sério, não conseguindo fazer esquecer aquilo que ele é, um homem frio, calculista, aparentemente desprovido de emoções.
Mas mais importante, foram as quatro razões apresentadas para justificar ter decidido voltar a candidatar-se a Belém, dez anos depois de ter sido derrotado pelo actual chefe de Estado, Jorge Sampaio.
O conhecimento que disse ter da realidade do país, o conhecimento do quadro internacional, a experiência e o conhecimento adquiridas ao longo de dez anos de chefia do Governo e finalmente a vontade e a responsabilidade de fazer tudo para proporcionar aos jovens uma janela de oportunidade, estas as razões que justificam a sua candidatura.
Afinal, o que o move, é o mesmo que faz correr os demais candidatos. Onde está então a diferença?
Bem a diferença está perigosamente naquilo que Cavaco Silva não disse. Qual a leitura que faz dos poderes presidenciais. Esta é afinal uma das principais preocupações que esta candidatura transmite.
É certo que Cavaco afirmou, na sua apresentação de cerca de dez minutos, que respeitará os poderes presidenciais. Mas ficou-se por aí!
E porquê a necessidade de afirmar, voltou a fazê-lo no dia seguinte, que o passado não importa. Porquê? Será que agora tem vergonha do seu passado? Qual deles? Aquele que diz respeito ao facto de estar fora do País no verão quente de 75, ou será que se refere aos dez anos em que chefiou, para o bem e para o mal, o Governo do país?
O passado não se pode apagar da memória dos homens. Ele é e será sempre parte integrante da vida das pessoas. É o passado que nos dá um presente mais ou menos rico, e nos garante no futuro as melhores ou as piores recordações. Para Cavaco Silva parece que o passado só lhe traz más recordações, ao ponto de não querer falar dele.
Assumir o passado para o bem e para o mal é uma virtude, mesmo para um candidato à Presidência da República!
Agora que o silêncio de Cavaco Silva terminou, vamos ver se ele consegue manter as intenções de voto, nas sondagens que por aí devem vir, nos níveis conseguidos antes do anúncio da candidatura. O desgaste começa agora. E para começo a primeira gafe, cometeu-a logo no dia a seguir em plena faculdade onde lecciona ao chamar à Assembleia da República, assembleia nacional. Reminiscências do passado, certamente!
Ah e já agora que se aproxima o natal, não ponham o homem a comer bolo rei, por favor!
Crónica publicada, dia 25 de Outubro de 2005, no jornal "Povo da Beira"

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