PRESIDENCIAIS
Economia de argumentos ou...
O ARGUMENTO DA ECONOMIA
Teminaram os dez debates previstos, entre os cinco principais candidatos presidenciais. O último, talvez o mais esperado, entre Mário Soares e Cavaco Silva decorreu num ambiente de crescente picardia entre estas duas candidaturas, apesar da época festiva que se vive.
Realmente os ânimos começam a aquecer e todos os argumentos começam a ser lançados para a discussão de forma a possibilitar que, a 22 de Janeiro, os resultados ditem uma segunda volta, apesar das sondagens teimarem em dar a vitória ao candidato da direita Cavaco Silva, logo à primeira volta.
Neste último debate ficou mais uma vez patente que os argumentos de Cavaco se limitam aos assuntos económicos, não sendo capaz de descolar de um registo mais apropriado a um candidato a primeiro ministro do que a presidente.
Mais uma vez faço notar que nesta eleição o que está em causa é a capacidade que o candidato a eleger, e espero que seja Mário Soares, vai ter para manter a estabilidade política, institucional e social, numa época que se adivinha muito conturbada, por força dos tempos difíceis que Portugal vive e que não se resolverão tão rapidamente.
Cavaco afirma querer falar do futuro para logo puxar dos galões de ex- primeiro ministro que fez e aconteceu, falando tão somente de economia, sendo incapaz de acompanhar uma conversa sobre outros temas que vão seguramente fazer parte do dia a dia de um presidente.
E neste particular Mário Soares bate-o por KO técnico. Soares deambula por toda uma diversidade de matérias, incluindo a economia, com uma desenvoltura própria de quem tem uma preparação política, cultural, económica e ocial digna de um presidente. Esta facilidade advém não só de uma preparação e experência vasta mas também de uma visão, que ele tem, de Portugal, da Europa e do Mundo, actualizada, moderna e humanista.
Não sei se este último debate terá feito alguma diferença para os resultados de Janeiro. De uma coisa não tenho dúvidas: Mário Soares é o homem certo para o lugar certo.
Cavaco terá de reavaliar os seus argumentos. Para se querer ser presidente não basta nem os argumentos da economia nem a economia de argumentos. Esses serviriam, provavelmente, para uma qualquer eleição a primeiro ministro que o professor nunca mais se atreveu a equacionar, preferindo esta eleição presidencial onde o silêncio cala mais fundo, mas onde ele está perfeitamente a perverter aquilo que é e deverá ser sempre, a função presidencial.
O presidente, à luz da Constituição portuguesa, não governa nem legisla. Governar´compete ao Governo. Legislar à Assembleia da República. O Presidente exerce tão só uma magistratura de influência, ouvindo os portugueses e as suas estruturas representativas, servindo de moderador na sociedade. Foi assim no passado e tentar perverter esta situação é não aceitar nem respeitar a Constituição da República.
Que os eleitores portugueses, em 2006, tenham a sabedoria, o discernimento e a perspicácia para ouvir no silêncio daqueles que não têm coragem para dizer abertamente o que querem e pensam e consigam contribuir significativamente para a estabilidade polítuca, institucional e social.
Crónica publicada no semanário regional "Povo da Beira" de Castelo Branco em 27.12.2005
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