BEIRAVERGONHA
E por falar em contribuir para o desenvolvimento do Interior e ter ou não ter capacidade imaginativa para cativar a vinda de mais gente para estas terras um exemplo de como não se devem fazer ou organizar eventos que supostamente serviriam para atrair pessoas até nós:
Beiravergonha
Acompanho, com interesse, todas as manifestações de carácter político, económico e cultural que se têm vindo a dsenvolver ao longo destes últimos anos na nossa cidade e na região da Beira Interior.
Sou um espectador atento na maior parte das vezes, um agente interveniente noutras e tenho evitado tornar públicas algumas críticas, mesmo quando penso que são construtivas, porque considero que muitas vezes confunde-se o que pretende ser positivo e construtivo com o que é manifestamente destrutivo.
Contudo desta vez não posso ficar calado já que o certame que motiva esta crónica merece uma opinião frontal, crítica e despojada de bairrismo, e nisso podem crer que me sinto perfeitamente à vontade, encarando esta opinião como um contributo para melhorar o actual estado de coisas.
Estou a falar de concreto da última exposição organizada pela Associação Empresarial Região de Castelo Branco vulgo Nercab, que se realizou entre 31 de Maio e 3 de Junho, e que reunia três certames num só, a saber, Beiratur, Beiralimentar e Expo Ambiente.
Visitei-a no sábado 2 de Junho. Qual desilusão, meus senhores!
Aquilo não eram três certames, pois nem um chegava a ser!
Todos sabemos que o clima económico não é dos mais favoráveis para este tipo de eventos, mas atenção aquilo que me foi dado ver foi algo de surrealista. Fazer uma feira daquelas é um atentado ao sector económico da Beira Interior, uma falta de respeito pelas Instituições e Empresas que nela se encontravam representadas e que pagaram o espaço ocupado, e de que maneira, para já não falar do autêntico despudor para com os poucos visitantes que ainda se dignaram por lá passar, e da pouca promoção que foi feita à peça que estava programada para essa noite, que acabou por não ser levada à cena, pelo Teatro Vaatão, pela inexistência de espectadores!
Aquilo que me foi dado ver não é nada! Ou melhor é uma vergonha!
Quando as condições são adversas há que encontrar, usar da imaginação, investir e face ao número tão pequeno e tão pouco representativo das actividades propostas para este certame havia que ter pura e simplesmente anulado atempadamente este evento.
Poderão dizer, certamente só quem não esteve lá, que estou a exagerar na análise e opinião subjacente. Talvez, se continuarmos a pensar pequenino!
Aquilo foi uma beiravergonha! Beiralimentar com um restaurante, por acaso de fora da região, e um ou dois stands de cariz alimentar! Beiratur com um ou dois stands em conformidade com o tema! Expo Ambiente com o mesmo sintoma de má representatividade! E três espaços de outras tantas Câmaras Municipais, a de Castelo Branco, a de Idanha-a-Nova e a de Oleiros. Meia dúzia de carros antigos e era tudo! Ou quase tudo!
Com algumas Empresas importantes na região directamente ligadas aos temas propostos é estranho que nem uma se tivesse disponibilizado para lá estar. Porque será?
Onde estava uma Danone? Onde estava a Beira Vicente, numa fase de alteração de imagem? Onde estava A Albifrutas? Onde estava uma Padaria do Montalvão? E onde estavam tantas outras que são bem representativas do sector alimentar? E porque não estava lá a ASAE numa altura em que tanto se fala nela e quando as exigências legais a isso quase obrigavam?
São perguntas que ficam no ar!
Algumas respostas terei no meu íntimo, mas deixo aqui apenas e por agora uma sugestão: trabalhem-se estes certames com profissionalismo, imaginação e menos espírito corporativo e lucrativo!
Ofereça-se o espaço a empresas âncora, pratiquem-se preços apelativos para a época difícil que as empresas atravessam e devolva-se uma certa dignidade a este tipo de eventos. Para bem do meio empresarial, da cidade, da região e da imagem do próprio Nercab!
Crónica publicada em Junho no jornal "Povo da Beira"
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